HUM... TÁ BOM!

HUMOR, VENENO E CULTURA (QUASE INÚTIL) PRAS NOSSAS HORAS DE ÓCIO CRIATIVO

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A volta do Blog ou "Eu odeio Guy Debord!"



Bem... Não sei se é por causa dessas leituras ultra-chatas dos livros do edital do mestrado (pro qual eu ainda não passei, mas pretendo cursar ano que vem), ultimamente tenho pensado no quanto o processo da escrita pode ser muito mais um bate-papo consigo mesmo do que uma tentativa de comunicar alguma coisa a alguém. E este post mesmo é uma prova disso. Tô eu aqui no trabalho sem fazer nada (as always! :P) e resolvo, por pura curiosidade, entrar no meu já falecido blog pra ver se a página vai carregar ou não. Assim que descubro que o ainda bebê "Hum... tá bom!" pode ser mais poderoso que Jesus Cristo e conseguir ressuscitar mesmo depois de um ano sem papinha Nestlé, me pego diante do editor de texto do blogspot pensando no que diabos vou escrever. As ideias vão surgindo, eu vou organizando mentalmente cada uma delas e, apesar de saber que existe uma remota possibilidade de alguém mais ler esse texto além de mim, cada vírgula que eu digito aqui só existe pra satisfazer os meus próprios desejos de... LEITOR.

Pois é, pode parecer uma viagem qualquer da minha cabeça, mas acredito que o escritor que há em mim, existe, em grande parte, só pra alimentar o leitor que também há em mim (embora eu não esteja grávido de gêmeos, juro! Nossa... Péssima essa... Deletem esse último parênteses :P). É como se eu escrevesse exatamente aquilo que eu gostaria de ler, usando as mesmas palavras, a mesma forma e o mesmo estilo que me agradam enquanto leitor. E ao perceber isso em mim e tentar analisar o mundo em volta, vejo que (in)felizmente eu não sou o único que padeço desse mal. Duvido muito que o meu querido (leia-se: detestável) Guy Debord estivesse pensando em alguma coisa que não o próprio umbigo ao escrever:

"Se o espetáculo, tomado sob o aspecto restrito dos ‘meios de comunicação de massa’, que são sua manifestação superficial mais esmagadora, dá a impressão de invadir a sociedade como simples instrumentação, tal instrumentação nada tem de neutra: ela convém ao automovimento total da sociedade. Se as necessidades sociais da época na qual se desenvolvem essas técnicas só podem encontrar satisfação com sua mediação, se a administração dessa sociedade e qualquer contato entre os homens só se podem exercer por intermédio dessa força de comunicação instantânea, é porque essa ‘comunicação’ é essencialmente unilateral; sua concentração equivale a acumular nas mãos da administração do sistema os meios que lhe permitem prosseguir nessa precisa administração." (DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo)

Lindo, né? Eu também achei super fofo. E é por facilitar a minha vida nesse tanto que eu adoro o Debordzinho (e olha que eu peguei um trecho bem tranquilo do livro dele). Fala sério, né! Depois de uma dessas, dá vontade de gritar: "Porra, Guy Debord! Eu não bebi, fumei, cheirei e nem tomei o que você tomou enquanto escrevia isso, portanto eu não entendo 'éliéssidês'. Custava traduzir? Era só dizer o seguinte: 'Na sociedade atual, quem detém os meios de comunicação de massa manda em todo mundo e fica pra sempre no poder. É o fodão!'" (Bem, talvez ele preferisse tirar a última frase :P).

Apesar disso, posso apostar que o cara tava crente que tava arrasando ao escrever o livro inteiro, talvez da mesma forma que o Tiririca se sentiu ao escrever "Florentina, Florentina, Florentina de Jesus. Não sei se tu me amas. Pra que tu me seduz?" (Na verdade eu não sei se foi ele que escreveu isso, mas levando em conta que existem poucos espécimes humanos capazes de uma poesia de altíssimo nível como essa, acho que as chances de ter sido ele mesmo são grandes :P).

E só pra não dar uma de Guy Debord e resumir esse longo post filosófico, minha ideia central nesse texto é que eu acho que a gente escreve (ou pelo menos tenta escrever) de uma forma que, ao ler o resultado final, a gente mesmo diga: "Caralho! Mandei bem!"

E aí? Mandei ou não? ;-)


Um comentário:

  1. Mesmo sendo um saco, que os "Guy Debord" nos iluminem e não nos façam desistir do mestrado...

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